Na época em que Galileu nasceu, Pisa pertencia ao Grão-ducado da Toscânia, estado que existiu na Península Itálica, tendo Florença como capital, desde o Renascimento italiano, em 1569, sempre governado pela poderosa família Médici até sua extinção em 1737, antes da Itália se unificar como um estado, no final do século XIX.
Os ares de renovação do Renascimento incomodaram a Igreja Católica, conservadora que reagiu com a Inquisição, inicialmente criada para combater o Protestantismo, depois se estendendo para reprimir qualquer espécie de heterodoxia, não só de crenças mas também de idéias.
Desenvolveu-se a partir da famosa Cruzada albigenense, contra os Cátaros (de 1209 a 1256), assentados nos territórios feudais da região do Languedoque, por iniciativa do papa Inocêncio III e apoio político dos reis capetos de França. O papa Gregório IX deu aos Dominicanos autorização para, por todos os meios, erradicar as ‘heresias’. Ficou célebre a orientação do abade de Citeaux, representante papal, dada aos atacantes: "matem todos pois Deus reconhecerá os Seus".
Há uma famosa lenda, segundo a qual, o Santo Graal teria sido preservado pelos cátaros e, durante o cerco ao castelo de Montségur, foco central do catarismo, teria sido furtivamente levado para um lugar seguro e secreto, onde ele residiria até os dias de hoje. Esta lenda serviu de inspiração para o romance O Código Da Vinci de Dan Brown.
De qualquer forma, o comércio já era razoavelmente desenvolvido, mas a velocidade de transporte terrestre típica para longas distâncias era de apenas 9 km/h.
A navegação de cabotagem, navegação costeira, sem perder a costa de vista, dá lugar às Grandes navegações, de longo curso, cruzando os oceanos.
Para tal, foram fundamentais três instrumentos:
a bússola (para a direção), o sextante (para a latitude) e o cronômetro marinho (para a longitude).
Segundo Roque (2012),
"Nos séculos XIV e XV, importantes invenções ajudaram a transformar o papel da ciência, como o relógio mecânico, a bússola, a artilharia, as lunetas e, sobretudo, a imprensa, que facilitou a circulação e a divulgação dos saberes" (ROQUE, 2012, p. 295).
Com o desenvolvimento da artilharia de longo alcance no século XV, com tiro curvo sobre objetivos fora da vista dos artilheiros, necessitava-se de cálculos de tiro. Tartaglia elaborou tabelas de tiro em que relacionava o ângulo inicial e a velocidade inicial da bala com o alcance do tiro.
Como vimos na aula História da Epistemologia, apesar dos esforços da Igreja Católica, a Reforma Protestante ganhava força e se espalhava pela Europa, com a consequente queda do poder absoluto da Igreja Católica.
A ética protestante valorizava o trabalho, como continuação da obra da Criação, e a razão, como forma de conhecer melhor o mundo físico para melhor trabalhá-lo.
Com isso, o mundo físico passou de 'local de tentações', na ótica católica, para 'objeto de exploração científica e comercial' na ótica protestante, dando impulso à pesquisa nas Ciências Físicas. (WEBER, A ética protestante e o espírito do capitalismo)
No campo filosófico, o Empirismo de Hobbes e Locke, pregando que noções absolutistas, tais como o direito divino dos reis, não eram inatas e divinas, mas criações humanas impostas, levou a uma visão de Estado convencional, dessacralizado, secular e laicismo.
Enquanto isso, o Racionalismo de Descartes valorizou a razão humana em detrimento da providência divina, produzindo uma virada antropocêntrica, movendo o foco de Deus para o Homem, como vimos na aula História da Epistemologia.
Nessa época, estavam surgindo primeiras 'sociedades de sábios', onde os primeiros experimentadores podiam discutir suas idéias com matemáticos, técnicos, filósofos e médicos. Foram o embrião das academias de ciências, tais como a Academia Secretorum Naturae (Academia dos Segredos da Natureza), fundada por della Porta em 1560 em Nápoles, o Circolo Pinelli, fundada em 1590 em Pádua, a Accademia dei Lincei (Academia dos Linces), fundada em Roma em 1603 por Federico Cesi, bem anteriores à Royal Society de Londres ou à Académie des Sciences em Paris.
A Accademia dei Lincei foi um dos focos da incipiente revolução científica. O nome foi escolhido em homenagem à Academia fundada por della Porta, que havia sido fechada em 1578 pelo Papa Paulo V, após investigação pela Inquisição de suspeita de bruxaria. Posteriormente, della Porta se associou aos Lincei.
É interessante mencionar que a Royal Society teve como precursora o Colégio Invisível, grupo de 'filósofos da natureza' (cientistas), vários deles alquimistas praticantes, incluindo Robert Boyle , John Wilkins , John Wallis , John Evelyn , Robert Hooke , Christopher Wren e William Petty, que buscava uma 'nova filosofia' e funcionava como uma rede de intercâmbio de ideias entre intelectuais, à parte das universidades, apresentando aspectos das sociedades secretas e herméticas.
No entanto, o clima nessas sociedades ainda era bastante Aristotélico.
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Era filho de Constantijn Huygens, um dos mais prolíficos poetas e compositores neerlandêses, secretário de dois Príncipes e amigo de Descartes
Descobriu Titã, a maior lua de Saturno. Descreveu corretamente os anéis de Saturno, que Galileu já havia observado, mas, por deficiência do seu telescópio, interpretou como luas de Saturno. Compreendeu que, devido ao movimento orbital de Saturno, a posição do anel, vista da Terra, variava e previu quando os anéis estariam 'de lado' e, portanto, praticamente invisíveis, explicando o seu 'desaparecimento', constatado por Galileu.
Huygens descobriu também que a nebulosa de Órion é formada por estrelas e não uma nuvem de gás, como se pensava.
Na verdade, a M42, ou NGC 1976, como a nebulosa de Órion é denominada pelos astrônomos, é apenas parte de um complexo de nebulosas e aglomerados estelares na região de Órion. Mede 25 anos luz de diâmetro e está a cerca de 1650 anos luz de distância, com uma massa total de cerca de 2000 vezes a do nosso Sol.
Huygens também inventou o relógio de pêndulo.
Foi feito membro da Royal Society e da Academia Francesa de Ciências.
Foi um dos maiores teóricos e experimentadores do seu tempo e contribuiu para o aperfeiçoamento dos instrumentos de laboratório.
Dedicou-se, também, ao estudo da luz e cores, tendo escrito um Tratado sobre a luz. Em seu modelo, diferentemente de Newton que pregava um modelo corpuscular, a luz seria um pulso não periódico propagado pelo éter.
Com esse modelo, explicou
Era o final do século XVII.
O período feudal europeu se aproximava do fim. A Reforma Protestante, iniciada em 1517, havia perturbado o equilíbrio político da Europa até a Paz de Westfália, assinada em 1648, pondo fim à Guerra dos Trinta Anos e à Guerra dos Oitenta Anos, que envolveram praticamente toda a Europa.
Na Arte, Velázquez, estava lançando as sementes do futuro Realismo.
Enquanto isso, os Países Baixos (Holanda, principalmente) desfrutava de sua Era de Ouro, de tendência capitalista. Suas poderosas Companhias Holandesas das Índias Orientais e das Ocidentais, as primeiras multinacionais, exploravam e dominavam a Oceania, o extremo-sul da África, a Guiana e o Nordeste do Brasil.
Huygens, visto acima, amigo de Descartes, estava desenvolvendo suas pesquisas em Matemática, Astronomia e, principalmente, Relojoaria e orientando Leibniz. Ao mesmo tempo, Leeuwenhoek (que veremos na aula A Revolução na Biologia) estava derrubando a concepção de geração espontânea (abiogênese) com seus microscópios, com os quais, Hooke, em 1655, descobriu as células, e Espinoza pregava seu panteísmo, seu monismo e sua Ética demonstrada à maneira dos geômetras.
Nas artes, Vermeer e Rembrandt estavam no seu auge, embora tanto Vermeer quanto Huygens, Espinoza e Leeuwenhoek tivessem que complementar sua renda trabalhavando no polimento de lentes (QUEIROZ; BARBOSA-LIMA; SANTIAGO; VIANA, 2004).
Após séculos de desenvolvimento científico, a Ásia, e mais concretamente a China, entrava num período de estagnação comercial e científica com o início da Dinastia Quing, ou Manchu.
A Índia começava a ser colonizada pelos ingleses em 1639.
Na época de Newton, após os 44 anos do Período Elisabetano, o reino da Inglaterra estava em equilíbrio precário entre a Irlanda, católica, e a Escócia, calvinista; entre a Holanda, protestante, e a Espanha, católica. A Inglaterra passava por uma sangrenta Guerra Civil (1642-1649). Na verdade, era uma luta entre o antigo e o moderno, um poder centralizador, aristocrático e hierárquico, representado pelo Rei Carlos I, conservador, casado com uma católica, defensor do direito divino dos reis e, por isso, acusado de favoritismo aos católicos; e o Parlamento, desejoso de uma participação no poder, apoiado pela burguesia em ascensão dos comerciantes e manufatureiros, e, por isso, defensor de uma descentralização, apoiando uma cultura puritana com estrutura presbiteriana, liderado por Oliver Cromwell, membro do parlamento e depois comandante militar. Em 1643, o Parlamento assinou a Confissão de Fé de Westminster, definindo a orientação da Igreja Anglicana e da Igreja da Escócia.
Em 1649, perdendo a guerra, Carlos I é decapitado, quando Cromwell assume o poder, iniciando um período pseudo-republicano e ditatorial, precursor do Republicanismo na Europa. Apesar disso, Cromwell fortalece a navegação e o comércio internacional e, consequentemente, a burguesia, atingindo, porém os interesses da Espanha e da Holanda, seus concorrentes. Teria morrido envenenado em 1958.
Em 1660, a Monarquia foi restaurada com Carlos II, filho de Carlos I e, com isso, há um retorno à intolerância religiosa. Os reinados seguintes oscilaram entre católicos e protestantes. Em 1666, Londres é assolada pela peste negra e por um enorme incêndio.
A Universidade européia era aristocrática, monárquica, tradicional e conservadora, com estrutura feudal, em que seus administradores tinham mais autoridade do que o prefeito da cidade. O currículo ainda era medieval e escolástico, apoiado em Aristóteles, composto por Retórica, História, Artes, Religião e Literatura clássica (latim, grego e hebraico) – nada de Matemática ou Física!
As guerras e o desenvolvimento da manufatura e da navegação de longa distância propunham uma série de novos problemas físicos, especialmente de Mecânica, sobre
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