Conforme prometemos na aula Epistemologia e seus Conceitos Básicos, discutiremos, aqui, como
Como já vimos, o método empírico contrapõe
O método hipotético-dedutivo compõe-se de quatro fases:
Como diz Roque (2012),
"O traço inovador da teoria de Copérnico então reconhecido era a defesa da autonomia dos modelos matemáticos para salvar as aparências dos fenômenos.
Na verdade, antes de 1580 quase nenhum astrônomo acreditava que o modelo de Copérnico pudesse representar a estrutura física do cosmos." (ROQUE, 2012, p. 294).
Mas isso foi uma Revolução, pois o Homem deixou sua posição privilegiada no centro do Universo.
O Empirismo afirma que a experiência sensorial é a única fonte do conhecimento, rejeitando
e colocando-se em oposição ao Racionalismo, de que falaremos em seguida.
Não se deve confundir 'experiência', no sentido técnico, já abordado na aula Realidade e Ciência, com 'experiências de vida', 'experiências anteriores', 'ter experiência' e outras expressões de uso comum (senso comum)!
Roger Bacon teria sido um defensor do Empirismo:
Sem experiência nada se pode saber suficientemente. Há duas maneiras de adquirir o conhecimento: pelo raciocínio [Racionalismo] ou pela experiência [Empirismo]. Raciocinar leva-nos a tirar uma conclusão que temos por certa, mas não elimina a dúvida. E o espírito não repousa na luz da verdade se não a adquirir através da experiência. (GIMPEL apud NARLOCH, 2013, p. 56)
O frei Guilherme de Baskerville, personagem central da obra O Nome da Rosa do escritor italiano Umberto Eco, teria sido inspirado em Roger Bacon, também ele um monge excêntrico e com conhecimento avançado para a época.
Sua obra mais importante é Novum organum sive Indicia de interpretatione naturae (Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza), onde expõe o método indutivo.
No entanto, é importante notar que, no Antigo Egito, a Medicina já tinha seus métodos de diagnóstico, tal como descritos no papiro Edwin Smith (circa 1600 a.C.), como já mencionado na aula História da Epistemologia.
Também Ibn Al-Haitham, já no séc. X, punha ênfase na busca da verdade e no uso de experimentos para decidir entre duas hipóteses.
Bacon pregava
Nela, descreve a Casa de Salomão, uma Universidade ou instituto de pesquisas em que os cidadãos participavam realizando todo tipo de experiências.
Diz-se que esta obra inspirou a posterior criação da Royal Society (1660) de Londres (Sociedade Real de Londres para o Progresso do Conhecimento da Natureza).
Vale lembrar que o lema da Royal Society é Nullius in verba (literalmente, 'nas palavras de ninguém') significando a intenção de estabelecer a verdade no domínio dos fatos, baseando-se somente na experiência científica, e jamais nas palavras de uma autoridade.
Galileu foi, também, o responsável pela 'geometrização' da Ciência, isto é, pela introdução da Matemática, onde o discurso era apenas filosófico.
Considera-se este momento o da passagem da Filosofia à Ciência.
Ele afirmava que"só o raciocínio pode estabelecer as relações matemáticas entre os fatos da experiência e construir uma teoria científica dos próprios fatos" e que "as deduções que derivam matematicamente destas hipóteses devem ser confrontadas com a experiência e confirmadas com experimentos repetidos antes de poderem ser declaradas válidas".
No entanto, Galileu teve de enfrentar a Escolástica (veremos mais sobre a Escolástica na aula As Contribuições de Galileu e Newton).
Na pintura acima, está representada claramente a postura do escolástico Cesare Cremonini que simplesmente se recusou a olhar pelo telescópio, alegando que nos livros de Aristóteles não havia qualquer menção a manchas solares e que, portanto, essas manchas não existiam!
No entanto, apesar dessa verdadeira pregação do empirismo, várias experiências mencionadas por Galileu foram apenas experiências mentais (KOYRÉ, 1992, p. 99), muitas por falta de recursos tecnológicos para sua execução.
Por exemplo, a famosa experiência da Torre de Pisa não aconteceu (CROMBIE, 1957, p. 298).
Veremos mais sobre Galileu na aula As Contribuições de Galileu e Newton.Dizia que seu ‘método’ consistia em que "as proposições particulares são inferidas dos fenômenos e, depois, tornadas gerais pela indução", apresentando-se, portanto, empirista-indutivista.
Veremos mais sobre Newton na aula As Contribuições de Galileu e Newton.
Veja mais sobre Lavoisier na aula Lavoisier e a Revolução Química.
Por exemplo, num experimento com 100 amostras de metais diversos, observa-se que ao se aquecerem, dilatam. Por indução, declaral-se que todos os metais dilatam quando aquecidos.
Vale a pena rever a discussão sobre observações e leis na aula Epistemologia e seus Conceitos Básicos.
O Racionalismo, historicamente, deriva de Parmênides (séc. 5 a.C.), Zenão (séc. 5 a.C.) e, como já vimos na aula História da Epistemologia - Parte 3, Platão (séc. 5 a.C.).
Mas seu principal expoente é Descartes (séc. 17)
Foi contemporâneo de Galileu.
Com Descartes, surge a noção de Lei física, sem o cunho teológico, dizendo que a lei é eficaz por si mesma, sem a necessidade de uma entidade ou divindade para sua execução.
Note-se que isto vai de encontro à visão predominante desde a Antiguidade de que
Não cai uma folha da árvore se não for a Vontade de Deus.
Com Descartes, surge a noção de Lei física, sem o cunho teológico, dizendo que a lei é eficaz por si mesma, sem a necessidade de uma entidade ou divindade para sua execução.
Esta idéia está bem de acordo com a
tendência agnóstica
de sua época, mas vai de encontro à visão predominante desde a Antiguidade de que
Não cai uma folha da árvore se não for a Vontade de Deus.
e, por isso, foi considerado herético, tendo que se refugiar e publicar suas obras na Holanda, mais aberta, enquanto Galileu era processado pela Inquisição.
Veja mais na biografia de Descartes.
O Racionalismo prega, assim, que o conhecimento deve ser baseado na certeza, por dedução, que começa numa busca do começo racional do conhecimento.Por exemplo,
Premissa maior | Todo ser humano é mortal | Geral |
Premissa menor | Sócrates é um ser humano | Particular |
Conclusão | Sócrates é mortal | Particular |
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